Acabou de ler e, quando ia a pousar as folhas sobre a cama, a mulher abriu a porta do quarto.
- Que é isso? – perguntou baixinho, a medo, como se não quisesse saber a resposta.
- São cartas... da Joana.
A mulher voltou-se e saiu, de mão sobre a cara, fechando a porta atrás de si. Ele ficou no quarto. Juntou cuidadosamente todas as cartas e arrumou-as sobre a mesa-de-cabeceira. Ficou por muito tempo a ajeitar o molho para que ficasse bem direito, entre o candeeiro e o despertador. Depois, deixou cair o corpo molemente sobre a coberta e a cabeça pesada afundou-se na almofada de penas. Sobre a cama restos de um papel onde se podiam ler os cuidados a ter com o cão. Encolheu as pernas lentamente e fixou os olhos inchados naquele baloiço estranho suspenso do tecto.
A lua estava em quarto crescente.
Desapertou a correia do relógio e pousou-a devagar sobre a mesinha. Agora, tinha todo o tempo do mundo. Para quê?
A Lua de Joana - Maria Teresa Maia Gonzalez
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